Torcer para esse clube é muito mais do que simplesmente vangloriar-se das inúmeras vitórias ou contabilizar troféus. ser vascaíno transcende os limites matérias. Não se trata de ter um escudo crivado por glorias no lugar do coração. Ser vascaíno é ter uma Cruz de Malta tatuada na alma. É mais do que ter um clube do coração, é ter um propósito, um ideal de vida. É selar um compromisso irrevogável com a luta pelo junto.Tu, Vasco, não nasceste em berço esplêndido como teus co-irmãos. Foste criado no subúrbio, crescendo em meio os pobres, os negros, os operários, os renegado, os marginais. Não tem Cristo pela frente a abençoar-te porque já vieste ao mundo abençoado pela Cruz que reluz teu peito. Não foste acolhido pelos abastados, mas acolheste sob teus braços toda qualidade de gente.
Se os teus rivais soubessem que as medidas arbitrarias serviram apenas para unir-te mais ainda a teu povo, talvez tivessem desistido antes. Tua gente estava disposta a lutar, com ainda mais força, em todas as batalhas que vierem pela frente. E foi assim na base da luta e do amor de seus torcedores que construístes teu palco. (São Jánuario). Agora tu eras grande por dentro e por fora. Viraste naqueles instantes o Gigante da Colina, pronto para conquistar tudo o que viesse pela frente.
A essa altura tu já eras uma realidade incomoda a todos os rivais. O clube dos pobres e operários venceu na vida, subiu de patamar e arrebatava multidões por onde passava. Conquistastes, em nome do pais, o primeiro campeonato Continental de Clubes do Mundo. Tinhas a base da seleção nacional, tinhas Barbosa, um goleiro imcomparável a defender-te o pavilhão, Danilo, um meio campo elegante e majestoso a comandar-te e Ademir, um artilheiro mortífero e dominado pelo coração Vascaíno.
A viagem agora passa pelos anos 70, quando foste o primeiro clube do Rio de Janeiro a conquistar o Brasil, ratificando aos incautos de uma vez por todas a inexistência de limites para ti. O garoto Dinamite explodia o coração dos Vascaínos de alegria, e assim continuaria por muitos anos.
Nasceste gigante e mesmo assim não parou de crescer. Os anos 80 trouxeram consigo mais uma conquista nacional. O apelido dessa vez não era de Expresso, embora atropelasses da mesma forma quem cruzava o caminho. Tinhas agora a alcunha de Sele-Vasco. Revelas nesse tempo um artilheiro baixinho, mais um filho de suas estranhas que ganharia o mundo.
A década seguinte foi ouro puro. Todos curvavam-se a ti. As conquistas proliferavam-se ao passo que se proliferavam os talentos. E foram muitos que saíram de tuas fornalha. Artilheiros como Edmundo, Rómario e Valdir; Meias como Felipe, Pedrinho, Juninho e Ramón; Goleiros como Germano e Hélton, dignos de envergar a camisa 1 que um dia fora de Barbosa (O maior de todos). A camisa Vascaína não é para ser vestida, é para ser incorporada.
Foste reconhecido como maior clube de todos por todos, e não somente pelo seus fieis que sempre souberam disso. Porque tu és o maior não só pela sua colecção invejável de taças e conquistas, és o maior simplesmente pelo fato de ser o que és. Passaste um tempo no ostracismo, é verdade. Roubaram-lhe de ti a essência democrática e passaste por maus bocados. Trocaram-te a humilde altiva que te é de registro, para vesti-lo de arrogância e prepotência, levando-te assim a disputas que jamais foram tuas. Ainda assim, tua gente insurgiu-se novamente para erguer-te e mostrar a ti quem tu de fato és. Um forte, um grande, O GIGANTE ! Somos um bando de loucos, loucos por ti Vasco.
Esses dias perguntaram-me o que eu seria se não fosse o Vasco. O que respondi: Não é essa a pergunta a ser feita, a correta é a seguinte: E se não fosse o Vasco, o que seria de mim ?